Diálogo da indignação pública
[narrativa cênica]
O que é isto? Vocês nascem, se trituram uns aos outros, e acham que toda essa matança, é coisa de gente? Vocês acham que trazer dos mortos todos os dias esta história de sangue, merda e mesquinharia vão fazer a culpa de cada um, menor do que a minha? E vocês, não vão falar nada? Tá vendo? Na hora de botar para fora o que devia na hora devida, ficam aí calados? Levanta daí! Faz alguma coisa. Acabou isso aqui. Essa história cresce dentro da minha cabeça, toda merda de dia, toma vida, e quer me convencer que tudo isso é normal? Vocês acham que vão continuar a invadir a minha casa? Não, não. Se alguém tem que acabar com este espetáculo, vou ser eu! Esta praça é, minha, Não desses poderosos e perdedores, é minha, e de todos esses transeuntes desavisados que passam por aqui e nem percebem que cada pedaço disso aqui, foi levantado com carne, espírito e trabalho. A gente gosta de acreditar que essas história de tragédia não existe: E corrupção de cada dia? E a mentira nossa de cada dia, debaixo dos pano dos “quem indica”? E o desempregado que não tem um trocado para comprar fralda pro seu recém-nascido e tem vergonha de voltar para casa? E o velho, deficiente, esbarrado, que não tem vez na fila? E a doméstica sem vale, sem carteira e sem dentadura na boca? E a criança, sem infância? E o homem, sem direito de falar o que pensa? E mulher que tem vergonha de ser o que é? E a falta do sono no fim do dia? Parece uma história medíocre, não é mesmo? Que coisa isso, gente, essa coisa de fazer a coisa certa? Parece uma coisa tão fácil e simples fazer a coisa certa...
Não sei dizer, que nem o que sai da sua cabeça. O que sai pela minha boca e nasce aqui dentro e atravessa esse ar, que carrega as pressas, é tudo que tenho. Se tenho pouco ou muito, não me interessa, porque não cada vez sei menos. Sei que tá na hora do descanso: eles vão continuar a rondar as nossa cabeça. Tem coisa ruim mesmo a esmo que fica, mesmo eu achando que vai mudar alguma coisa, muda não, muda não. Tudo fica bem estacionado, parado nesse chão, como essas cabeçona que fica me olhando a noite inteira. A única diferença do invisível das coisa ruim, é que eu ainda sei o que é bom. Se isso existe já num sei. Mas tem coisa que quer ficar. Essa vontade pequena de que coisa boa pode resistir.
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