Serão os anos!

Eh! Bolo de aniversário que nada: café puro e suco de laranja, que o mundo precisa girar e fazer acontecer, "não há desanso para os justos", e como boa sagitariana e oxum que sou: vamos trabalhar mas sem perder a alegria e o prazer da vida! obrigada aos amigos que postaram inumeros parabéns na minha modesta caixinha de face! Hoje estou bem estrangeira, aqui em bh, sinto falta de Riber City, da minha flor, amor da minha vida, da minha tia Marluce Costa Prado e minha irmã Amanda Prado, do Geraldo Prado Neto e sua guitarra, meu luke, do meu peixe houli e da minha casinha nova e fofa, que estou de namoro com ela... falta da Simara... todo mundo bacana da secretaria da cultura, da Fabiana Martins, doce, mas aqui, tem meus sobrinhos gatinhos, é gato de verdade viu! ojosef e a katrinha... uns carinhos.. minha irmã Aline, amiga da vida e do teatro e a amigona Andreia, minha tia marina que está com boa saúde e firme! tantos amores e ainda tem os amores... A vida está se atravessando dentro de mim, que ela venha com tudo, sou mulher de ancas grossas... fala do meu medeiazonamorta, do Teatro Invertido, meu presente amanhã, beijos doces aos amores, sejam eles de toda natureza possível...

Fico com um amor: Fernando Pessoa e lembro-me de minha mãe marlene com amor e alegria...

Aniversário

No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
 
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
















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