Liar Lady

Luz na passarela que lá vem ela: Liar lady, sua mentirosa. Ela me promete verba, merda, merda, que merda. Me promete espaço e esse barraco, vaca, vaca. Eu me digo sempre: mulher, janela, homem, porta. E aqueto um pouco. Quero fugir dessa reuniãozinha arcondicionada e instituir o dia das coisas feitas com as próprias mãos. Pó, pó, pó e pó. E nada. Onde foram palavras parar os livros deste lugar, ora palavras, que são necessárias? E ela volta, todos os dias nos seus saltos fincados em nossas cabeças. CORTE A SUA CABEÇA E OFEREÇA À ELA, DE BANDEJA. Lisa, ela fala com palavras recheadas de laquê e chapinha fervente, gente... isso é ótimo. Isso nos convence, irreversivelmente. Lava as mãos com spray álcool gel, sabor cereja fresh mint: frescor no seu rosto de papel film transparente inviolável nas rugas da vergonha aparente. As luzes se apagam e ela fica, lívida, segurando seu celular, sem cobertura e sinal, esperando alguém lhe conectar.
Letícia Andrade.

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