Sua cabeça é a lei de MAC!
Mac país é este?
Nada se ganha, ao contrário, tudo se perde, quando nosso desejo se realiza, sem satisfazer-nos.
Lady Macbeth.
Foram os vários percursos de encontros e desencontros com este Macbeth. O que ficou mais forte para mim foi o questionamento sobre a política e o poder hoje. Tentei me livrar do peso e da secularidade de Shakespeare, mas sempre retornava a ele: as mãos sempre manchadas de sangue e o som e fúria dos atos irreversíveis de Macbeth. Porém, como uma contemporânea invocada que sou, segui me inspirando na saga shakesperiana sanguinolenta, mas comecei a imaginar uma pátria de corrupção, eleições e atos de morte pública. Nasceu Macsquare: o lugar onde quatro governantes ora ganham ora tomam o poder de maneira ininterrupta e consecutiva, por motivos de morte, vilania, ambição ou destino irreversível. A praça pública das quatro cabeças de governadores mineiros no Parque Municipal inspirou a espacialização do espetáculo, que apresenta o breve mandado de quatro governantes e suas respectivas Ladies e amantes; as bruxas, como manipuladoras grotescas dos soberanos, situam-se num plano ritualístico e representam o destino irremediável de Macsquare; um repórter que anuncia e comenta os principais fatos, funcionando como um corifeu, uma “faz-tudo” chamada house-keeper que arruma a bagunça dos poderosos e limpa as manchas de sangue e um casal de mendigos que questiona e denuncia as maracutaias, e representa uma ideia de coro do lugar. Nada disso seria possível, sem a entrega e autoria criativa dos atores, do olhar dos dramaturgos aprendizes Ana e Fabiano, que assumiram por vezes a função das minhas mãos doloridas e da garra, sem descanso, da parceira talentosa e guerreira, Ju Pautilla. Ficou o desejo de suscitar um encontro e um incômodo, através dos caminhos da política, pois a linguagem teatral deve modificar radicalmente aqueles que a fazem e aqueles que a assistem, segundo a lucidez de meu dramaturgo-guia Bertold Brecht. Então: pra frente, Macsquare! Aqui sua cabeça, é a sua escolha...
Formandos do Palácio das Artes - 1º semestre de 2010.
Equipe artística
Direção Juliana Pautilla
Dramaturgia Letícia Andrade
Assistente de Direção Lenine Martins
Cenografia e Figurino William Hausch
Iluminação Felipe Cosse e Juliano Coelho
Preparação de voz Silvana Stein
Preparação corporal/contato improvisação Gabriela Cristófaro
Preparação musical Gil Amâncio
Personagens (por ordem de entrada em cena)
Carmemunda / Adeliane Melo
Cândida / Juliana Birchal
Grunga / Fabiana
Povão miserável: Mandioca e seu cão Bushinho / Clécio Luiz e Macaxeira / Denise Leal
Repórter Marinho / Guilherme Colina
Mac-Five [primeiro governante] / Fabio Ribeiro
Lady Mac-five / Flávia Almeida
housekeeper/ Roberta Trajano
Mac-Six [segundo governante] / Igor Leal
Lady Mac-Six / Ana Araújo
Mac-seven [terceiro governante]/ Bruno Cuiabano
Lady Mac-seven/ Adriana
Mac-eight [quarto governante]/ Fabiano Rabelo
Lady Mac-eight / Luciana Brandão
Lady Mac-eight/ Mayara Dornas